O Curioso Caso da Ambipar (AMBP3): o que explica a alta de +1.170% entre Junho e Agosto?


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Sobre a Ambipar

Atua na gestão de resíduos, para que empresas possam reutilizar os seus resíduos (ou os resíduos de outras empresas) no seu processo produtivo, possibilitando que materiais que seriam descartados no ambiente, sejam reintegrados na cadeia produtiva.

A Ambipar também possui uma divisão dedicada à prevenção e gestão de acidentes e emergências ambientais, como incêndios florestais, e casos como o rompimento da barragem de mineração da Vale em Brumadinho.


História na Bolsa

Fez o seu IPO (estreia na bolsa) em Julho de 2020. Os recursos captados foram utilizados para financiar o seu crescimento através da aquisição de empresas menores, visando ganhos de escala. Porém, a integração das operações com as empresas adquiridas não trouxe a eficiência e redução de custos esperadas, e a Ambipar passou a operar com prejuízos a partir de 2023, além de um endividamento maior.

Em função dos maus resultados apresentados, as ações chegaram a se desvalorizar -89% em relação à sua cotação máxima, e -72% em relação à cotação da sua abertura de capital (IPO).


A “Aposta Contra” do Mercado


Uma “small cap” (empresas com valor de mercado relativamente baixo) com pouco tempo de negociação na bolsa, com resultados operacionais se deteriorando, vendo suas ações se desvalorizando, se tornou um prato cheio para investidores especializados em lucrar com a queda no preço de uma ação, os chamados “short sellers”.

Explicarei aqui, rapidamente, como esse tipo de operação é estruturada, pois este entendimento é fundamental para compreender a disparada recente no preço da ação.

Basicamente, o investidor aluga as ações que deseja ficar “vendido”, ou seja, posicionado para lucrar com a sua queda, pagando uma taxa para a corretora operacionalizar isso. Depois, o investidor vende as ações alugadas, e quando o preço cair até o nível desejado, ele as recompra e devolve para a corretora.

O ganho da operação vem da diferença no preço de venda (as ações são vendidas num preço mais alto), com o preço da recompra (as ações são compradas num preço mais baixo). Esse tipo de operação pode ser bastante lucrativa, mas também envolve muito risco, como explicarei um pouco mais adiante.

A Ambipar se tornou a ação mais alugada, ou seja, mais “vendida” da bolsa, indicando um volume alto de dinheiro acreditando na sua desvalorização.


Depois da Ressaca, vem a Bonança

Esse volume excessivo de operações contra a ação pode criar uma boa oportunidade para operar no sentido contrário, comprando as ações, um movimento que o mercado chama de “short squeeze”.

Se o preço da ação, ao invés de cair, começar a subir, os investidores que estão operando contra ela começam a ser pressionados, afinal, se o preço começa a ficar muito acima do preço de venda das ações alugadas, o investidor é obrigado a recomprar as ações a um preço mais alto do que vendeu, sofrendo prejuízo. Como uma ação pode seguir se valorizando sem limites, a perda nesta operação é ilimitada, por isso o alto risco.

Ou seja, conforme a ação vai subindo e os investidores começam a se desfazer de suas operações vendidas, recomprando as ações a preços mais altos, isso continua alimentando a alta do preço, levando mais investidores a desfazer sua posições, recomprando ações a preços ainda mais altos, criando um ciclo de valorização muito forte.

Quando esse movimento é planejado, ele recebe o nome de “short squeeze”.

No caso da Ambipar, no dia 10 de Julho, o CEO da empresa, Tércio Borlenghi Junior, aumentou a sua participação na empresa para 73,135% do capital social, como forma de reafirmar o seu compromisso com a empresa. Apenas 2 dias depois, a gestora Trustee adquiriu 6,60% das ações, e seguiu aumentando a sua participação, atingindo 15,03% no dia 9 de Agosto.

Além disso, a empresa anunciou algumas medidas como venda da sua frota usada, troca na diretoria, como forma de melhorar seus resultados operacionais. Tudo isso fez as ações saltarem, acionando o movimento que acabei de explicar.

A demanda alta para alugar as ações teve efeito também no custo desse aluguel, que atingiu 200% ao ano, tornando ainda mais difícil montar uma operação vendida rentável.


O que acontece agora?

O leitor mais ativo pode estar se perguntando se existe alguma oportunidade de investimento nessa história toda, seja comprando as ações e aproveitando o movimento de “short squeeze”, ou então fazendo uma operação vendida na ação, afinal, após subir tanto, a expectativa é que a ação passe por uma desvalorização. Se a gestora Trustee, por exemplo, resolve vender suas ações para embolsar os lucros da operação, isso poderia desencadear uma forte desvalorização.

É difícil apontar, agora, qual vai ser o caminho da ação, pois já não se trata mais de uma questão de técnicas de análise. O que é certo é que esta dinâmica já está trazendo um nível de volatilidade muito alto para a ação.

Nesse contexto, muitos investidores podem perder dinheiro operando nas duas direções. E um desses investidores não precisa ser você. A melhor coisa a se fazer nestes momentos é simplesmente ficar de fora.


















SOBRE HENRIQUE DUQUE

Trader a Analista de Investimentos com Certificação CNPI-P n° 3257, habilitado a fazer recomendações usando todas as técnicas de análise de investimentos;
CEO e fundador da Carteira Perpétua, plataforma de carteiras recomendadas e conteúdo educativo sobre investimentos;
Formando em Economia pela FGV-EESP.

Instagram: @henrique.duque_

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AVISO LEGAL Este artigo não contém nenhuma recomendação de investimento, tendo caráter meramente informativo. Retornos históricos não são garantia de retornos futuros; Os riscos envolvidos no investimento recomendado foram apresentados neste mesmo relatório, estando o(a) leitor(a) ciente deles; A responsabilidade técnica por todas as recomendações de investimento é atribuída à Henrique Duque Peters, profissional certificado pela APIMEC sob o certificado CNPI-P n°3257, estando devidamente autorizado a recomendar investimentos com base em todas as técnicas de análise; Todas as recomendações refletem a opinião do analista com base numa análise independente, não recebendo quaisquer vantagens pelas indicações, ou se expondo a uma situação de conflito de interesses; O profissional cumpre todas as regras, diretrizes e procedimentos estabelecidos pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em sua Resolução n°20, que dispõe sobre a atividade de analista de valores mobiliários. O analista não se responsabiliza por quaisquer perdas ocasionada por uma de suas recomendações de investimento.

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