São uma categoria dentro do segmento de FIIs de “Papel”, que investem em títulos de dívida de empresas do agronegócio. Basicamente, você está investindo num fundo que empresta dinheiro para empresas do setor do agronegócio, e distribui os juros recebidos na forma de dividendos mensais para seus/suas cotistas.
Riscos
O principal risco, uma vez que o fundo empresta dinheiro para empresas, é justamente a inadimplência/calote por parte da empresa. No caso dos Fiagros, geralmente são empresas de médio porte, sem uma avaliação de crédito tão qualificada, o que traz um maior risco, e é justamente por esse maior risco, que o retorno dos Fiagros costuma ficar bem acima das taxas de referência Selic/CDI.
O que acontece no caso de calote de um CRA ?
Vale lembrar que CRAs não possuem cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), mas possuem instrumentos de garantia previstos em contrato. O Fundo pode renegociar a dívida de maneira amigável com a empresa, esticando o prazo de pagamento, por exemplo. O Fundo pode exigir a quitação imediata do valor total da dívida, exercer as garantias reais previstas no contrato como máquinas, imóveis, estoques, frota de veículos de propriedade da empresa.
No entanto, a empresa consegue se proteger contra isso na justiça, entrando com um processo de Recuperação Judicial, por exemplo.
Ou seja, em qualquer um destes cenários, o(a) investidor(a) pode esperar uma queda nos dividendos pagos pelo fundo, em razão do menor fluxo de recebimento do pagamento da dívida, pelo menos momentaneamente. A expectativa de dividendos menores gera um movimento de venda das cotas do fundo, diminuindo seu preço e desvalorizando o seu investimento.
E como coloquei, a magnitude deste impacto depende da forma com que o calote se desenrola, e a concentração % que o CRA representa no portfólio do fundo. Por isso, é importante sempre olhar a carteira de CRAs do fundo e entender a sua diversificação em termos de quantidade de empresas e indexadores (IPCA e CDI).
Geralmente estas informações são encontradas no site do Fiagro ou no site da gestora do fundo. Os fundos emitem um comunicado sempre que enfrentam algum problema de inadimplência.
A decisão de vender ou não as suas cotas do fundo após um fato assim, também depende da magnitude da inadimplência.
Atualmente, são cerca de 17 Fiagros enfrentando algum problema com inadimplência de CRAs. O fundo IAGR11, por exemplo, viu 4 dos seus 6 CRAs, aproximadamente 60% do patrimônio do fundo, entrar em Recuperação Judicial. O valor da cota se desvalorizou cerca de -25%, e dada a concentração da carteira em empresas inadimplentes, minha recomendação seria, certamente, vender as cotas e realizar o prejuízo.
Já o XP Crédito Agrícola (XPCA11), ficou com cerca de 6% da sua carteira inadimplente, e sua cota está caindo -12% no ano. Este seria um exemplo de manter o seu investimento.
SOBRE HENRIQUE DUQUE
Trader a Analista de Investimentos com Certificação CNPI-P n° 3257, habilitado a fazer recomendações usando todas as técnicas de análise de investimentos;
CEO e fundador da Carteira Perpétua, plataforma de carteiras recomendadas e conteúdo educativo sobre investimentos;
Formando em Economia pela FGV-EESP.
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