Analisar uma ação, entender se o seu preço atual está sub ou sobrevalorizado, e tomar a decisão de investimento correta, não é uma tarefa simples. É um processo complexo, que envolve diferentes técnicas, algumas mais objetivas, e outras mais subjetivas, e por isso analistas como eu estudam tanto tempo para poder analisar e recomendar ações para as pessoas investirem.
Portanto, a minha recomendação para quem investe, principalmente para iniciantes, é buscar um(a) profissional para te orientar a montar a sua carteira de ações. Isso não impede que, paralelamente, você comece a entender um pouco sobre este universo e, com o tempo, tome algumas decisões de investimento por conta própria.
Separei aqui 5 dos principais indicadores que analiso em uma ação, para avaliar se é um bom investimento. Naturalmente, minha análise envolve muitos outros fatores além disso, e a qualidade desses 5 indicadores não significa, necessariamente, que determinada ação é um bom investimento.
Contudo, ao se atentar a estes 5 indicadores, suas probabilidades de ganhar dinheiro comprando uma ação são muito maiores do que não olhando nenhum deles. Então vamos lá:
ROE
Da sigla em inglês “Return on Equity”, a tradução é “Retorno sobre o Patrimônio Líquido”, e é calculado pela divisão (Lucro Líquido / Patrimônio Líquido), mostrando o % que a empresa está gerando de lucro sobre o valor que acionistas investiram nela.
É basicamente uma medida de retorno para os acionistas da empresa e, portanto, quanto maior for este %, melhor. Um ROE de 18% já é considerado bom/satisfatório.
É o % resultante da divisão entre o Lucro Líquido da empresa e a sua Receita Líquida. Ou seja, mostra o quanto do faturamento está sendo convertido em lucro. Portanto, quanto maior for esse %, melhor e mais lucrativa é a empresa.
Neste caso, não vou passar um valor de referência ou nível satisfatório. Como explicarei adiante, isso depende do estágio que a empresa se encontra (empresas em fase de crescimento tendem a apresentar margens baixas ou mesmo negativas), e do seu setor de atuação. O WalMart, por exemplo, possui uma margem líquida inferior a 3%, característica comum do seu nicho e sua estratégia de preços baixos, porém um ROE acima de 18%, e um retorno histórico excelente para quem comprou suas ações.
É exatamente a divisão entre a dívida líquida da empresa (dívida total descontando o valor que a empresa possui em caixa) e o seu EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), uma medida para a geração de caixa operacional da empresa.
Basicamente, compara o tamanho da dívida da empresa com a sua geração de caixa. Quanto menor, melhor, pois mostra que a dívida da empresa é relativamente pequena mediante a sua geração de caixa. Quanto maior, maior o tamanho da dívida mediante a geração de caixa da empresa, podendo indicar que a empresa está em dificuldades e que a sua geração de caixa não é suficiente para cobrir a sua dívida.
Um bom nível de referência é de 2x. Um valor muito acima disso pode ser um indicativo do risco mencionado acima.
O índice P/L é o resultado da divisão entre o preço de uma ação e o lucro por ação da empresa. A ideia é comparar o preço da ação com o lucro que a empresa gera, e assim ter uma noção se o seu preço está sub ou sobreavaliado.
Um P/L igual a 10, por exemplo, mostra que, comprando a ação no preço atual, levariam 10 anos para a empresa acumular um lucro por ação equivalente ao preço pago e, portanto, retornar o valor investido.
Um P/L menor, indica que a ação está mais “barata” ou subavaliada. Já o P/L maior, pode ser um indício de que a ação está “cara” ou sobrevalorizada.
Neste caso, também não colocarei um valor de referência, pois isso varia muito de acordo com o setor e perfil da empresa. Empresas com alto potencial de crescimento, como empresas de tecnologia, tendem a apresentar um P/L mais elevado, e mesmo assim ser um bom investimento. Enquanto que ações com um P/L supostamente atrativo podem ser um mau investimento pela empresa não ter mais potencial de crescimento.
Exemplos: Vale - VALE3 (P/L 5,92), Nvidia - NVDA (P/L 55,54), Banco do Brasil - BBAS3 (P/L 4,48).
Distância % para a cotação máxima
Este não é um indicador que você encontrará “pronto”. Você precisa pegar a cotação máxima (geralmente é fornecida a máxima dos últimos 12 meses), e comparar com a cotação atual. A divisão (cotação atual / cotação máxima) mostra o quão abaixo a cotação atual da ação está de sua cotação máxima.
Por mais que uma ação se valorize no longo prazo, a sua valorização nunca será numa linha reta/uniforme. A ação se valoriza com oscilações, o que chamamos de “volatilidade”. Quanto maior forem estas oscilações, mais volátil é a ação, e vale destacar que a bolsa de valores brasileira é considerada uma bolsa volátil.
Isso é um risco, mas também uma oportunidade, pois nos permite comprar ações de empresas com bons fundamentos relativamente descontadas, e assim ter uma melhor relação risco/retorno no investimento.
Eu recomendo investir numa ação quando ela está de 20% a 30% abaixo de sua cotação máxima. Neste caso, você estaria aproveitando um movimento de “correção” (desvalorização sem reverter a tendência de alta) para comprar a ação a um preço mais atrativo.
Se você comprar a ação a um preço muito próximo à máxima histórica, corre o risco de sofrer essa desvalorização de -20% a -30% e ter um ganho menor tanto no curto quanto longo prazo.
E uma distância muito grande da cotação máxima de, digamos -50%, pode sinalizar que a tendência de alta foi revertida para uma tendência de baixa e, portanto, a ação não vai se valorizar e atingir uma nova máxima histórica.
A comparação utilizando estes indicadores deve ser feita entre ações de empresas do mesmo setor de atuação. Como coloquei, cada setor possui as suas próprias características e diferentes padrões para cada indicador. Comparar os indicadores da Vale com do Magazine Luiza não terá utilidade alguma.
Importante também analisar a evolução dos indicadores da ação ao longo do tempo, e ver se, por exemplo, o P/L de uma ação está acima ou abaixo da sua média histórica.
Abaixo coloco o link de alguns sites onde vocês podem consultar essas informações gratuitamente:
Trader a Analista de Investimentos com Certificação CNPI-P n° 3257, habilitado a fazer recomendações usando todas as técnicas de análise de investimentos;
CEO e fundador da Carteira Perpétua, plataforma de carteiras recomendadas e conteúdo educativo sobre investimentos;
Formando em Economia pela FGV-EESP.
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AVISO LEGAL Este artigo não contém nenhuma recomendação de investimento, tendo caráter meramente informativo. Retornos históricos não são garantia de retornos futuros; Os riscos envolvidos no investimento recomendado foram apresentados neste mesmo relatório, estando o(a) leitor(a) ciente deles; A responsabilidade técnica por todas as recomendações de investimento é atribuída à Henrique Duque Peters, profissional certificado pela APIMEC sob o certificado CNPI-P n°3257, estando devidamente autorizado a recomendar investimentos com base em todas as técnicas de análise; Todas as recomendações refletem a opinião do analista com base numa análise independente, não recebendo quaisquer vantagens pelas indicações, ou se expondo a uma situação de conflito de interesses; O profissional cumpre todas as regras, diretrizes e procedimentos estabelecidos pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em sua Resolução n°20, que dispõe sobre a atividade de analista de valores mobiliários. O analista não se responsabiliza por quaisquer perdas ocasionada por uma de suas recomendações de investimento.
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